relacionamento abusivo: quando a violência é mascarada de amor
Tudo começou bem. Ele parecia ser o parceiro ideal. Até que sua autoestima desapareceu, o contato com os amigos e os familiares também, ele passou a tomar as decisões e você passou a se sentir confusa e dependente. O relacionamento abusivo acontece de diferentes formas e, nem sempre, a agressão física faz parte desse cenário.
Uma relação tóxica pode acontecer em relacionamentos heterossexuais ou homossexuais. Entretanto, em mais de 80% dos casos, o abusador é um homem e a vítima é uma mulher. Em situações extremas, a história pode acabar em feminicídio. Mas, até chegar a esse ponto, há uma longa jornada de abusos.
Identificar um relacionamento abusivo não é fácil, muito menos sair dele. Mas, afinal, quando o ciúmes deixa de ser normal e passa a ser abusivo? Em que momento uma relação aparentemente boa, torna-se agressiva? Essas dúvidas são muito comuns.
Por isso, nós preparamos um conteúdo completo sobre o assunto, com o objetivo de trazer mais clareza para essas situações. Vem com a gente que hoje a conversa é importante e super delicada.
o que é um relacionamento abusivo?
Afinal, o que é um relacionamento abusivo? Bom, esse tipo de relação consiste no controle de uma pessoa sobre a outra, ou seja, há uma relação de poder. Nesse contexto, a violência aparece de diferentes formas: verbal, psicológica, emocional, financeira, sexual, tecnológica e física.
No início, o parceiro é uma boa pessoa, faz elogios, é super agradável e você se apaixona e se entrega emocionalmente. Depois, a violência começa de forma sutil: comentários humilhantes, ridicularização na frente dos amigos, diminuição das suas conquistas e controle sobre a roupa ou o corte de cabelo que será usado, por exemplo.
Com o tempo, o quadro vai se intensificando, e é muito comum que as mulheres sintam dúvidas, confusão mental, ansiedade e insegurança. “Será que ele está sendo ruim ou a culpa é minha por isso estar acontecendo?”, esse é um questionamento comum. Mas, no final do dia, a esperança de que o parceiro mude é renovada. E, assim, seguem-se os dias, as semanas e os anos.
7 sinais de um relacionamento abusivo
Relacionamentos tóxicos e relações amorosas são completamente diferentes. É difícil admitir que estamos vivendo uma situação abusiva, mas até a mulher mais empoderada de todas pode se ver nessa condição.
Por isso, separamos algumas informações sobre relacionamento abusivo e sinais para ajudar a identificar essa situação. A seguir, confira 7 sinais de uma relação abusiva:
ciúme excessivo
Muitas vezes, o argumento de “amar demais” é utilizado para justificar o controle sobre a outra pessoa. Nesses casos, a justificativa serve para validar comportamentos agressivos, atitudes controladoras e invasão de privacidade.
controle
O controle é uma característica muito presente nesse tipo de relacionamento. Frases como “é para o seu bem” e “é porque eu te amo” costumam ser usadas para decidir o que outro pode ou não fazer. Quais roupas vestir, aonde ir e, até mesmo, quais trabalhos aceitar.
isolamento
“Suas amigas não boas companhias” ou “não existe amizade entre homem e mulher” são alguns argumentos usados para afastar a vítima de amigos e pessoas próximas. Com o tempo, ela fica isolada e sem uma rede de apoio. Como consequência, a vítima passa a ser mais dependente do abusador.
chantagem
A chantagem é uma das principais características de um relacionamento abusivo. Portanto, se a parceira não aceitar o que está sendo imposto, o abusador usará esse artifício para conseguir o que quer. Frases como “eu vou me matar” e ameaças relacionadas ao término do relacionamento são comuns.
invasão de privacidade
A individualidade e a privacidade de cada pessoa deve ser respeitada. Entretanto, o abusador não costuma aceitar esse limite e é comum comportamentos como roubar senhas, mexer no celular sem autorização e instalar aplicativos de rastreamento.
destruição da autoestima
No começo do relacionamento, você era a melhor mulher do mundo. Mas, depois, ele passou a fazer diversas “críticas construtivas” e ofensivas até sua autoestima se esgotar completamente. Nessa etapa, a vítima já não se vê como digna do amor e acha que é sortuda pelo abusador ainda estar com ela.
violência física
Nem todos os relacionamentos abusivos chegam ao ponto da violência física. Mas, quando isso acontece, ela também é gradual, como na violência psicológica. Começa com empurrões ou apertões e aumenta com o passar do tempo, chegando ao feminicídio.
3 fases do relacionamento abusivo
Agora que você já sabe como identificar um relacionamento abusivo, precisamos destacar que, além dos sinais, esse tipo de relação consiste em três fases que se repetem constantemente. Confira:
- tensão: é a primeira etapa e acontece quando a vítima cede aos abusos. Deixar de ver os amigos, trocar a roupa quando ele exigir e pedir demissão do emprego são alguns exemplos;
- crise: nessa etapa, o embate entre as partes acontece em forma de brigas, discussões, agressões físicas e abusos sexuais,
- lua de mel: após a crise, o casal passa por momentos intensos de intimidade. Nessa etapa, o parceiro costuma fazer promessas de que vai mudar.
Em muitos casos, a vítima realmente acredita na possibilidade de mudança, já que o parceiro oscila entre agressividade e cuidado. Vale ressaltar que essas fases acontecem em intensidades e frequências diferentes em cada relacionamento. Em alguns casos, as três podem ocorrer em um mesmo dia.
como sair dessa situação
Desde pequenas, somos ensinadas que situações de abuso significam amor: um garoto te bate ou diz coisas depreciativas e os adultos dizem que ele faz isso porque gosta de você, por exemplo. No relacionamento abusivo, a violência é mascarada como cuidado, afeto e proteção. “Faço isso porque te amo”, justifica o abusador.
Não é fácil sair de um namoro abusivo. Primeiro, porque, muitas vezes, não sabemos que estamos em um e demoramos para entender que esse tipo de relacionamento não é normal. Segundo, porque, na maioria dos casos, a mulher já está isolada e dependente do abusador.
Nesse momento, duas atitudes são fundamentais: buscar ajuda psicológica profissional e conversar com pessoas próximas e de confiança sobre a situação. Lembre-se: você não precisa passar por isso sozinha. Tá tudo bem pedir ajuda. Além disso, criar essa rede de apoio vai ajudar a reconstruir a autoestima e auxiliar na tomada de decisão <3
ajudando uma amiga
Às vezes, nós não precisamos de ajuda, nós somos a ajuda. Ter uma amiga passando por um relacionamento abusivo é de partir o coração e nem sempre sabemos como agir nessa situação.
É importante dar a ela todo o apoio possível: pergunte como ela está e escute sobre o que está passando. Além disso, outras ações práticas são fundamentais, como oferecer para ela dormir na sua casa ou ajudá-la a encontrar um advogado ou um psicólogo.
Mais do que saber o que fazer, é importante saber o que não fazer. Primeiro de tudo: não culpe a vítima, ela não está nessa situação porque escolheu passar por isso. Também evite falar sobre o término ou obrigá-la a fazer isso, porque essa ação pode ter efeito contrário.
A vítima está machucada, isolada e envergonhada por pedir ajuda. Se ela se sentir cobrada e não se ver em um ambiente de acolhimento, pode acabar voltando para a relação tóxica, já que não encontrou apoio fora dela.
juntas somos mais fortes
Precisamos cuidar umas das outras. Oferecer afeto e escuta ativa. Acolher mais e julgar menos. Relacionamentos abusivos nunca são culpa da vítima e devemos oferecer toda a ajuda que podemos para nossas amigas. Seguimos juntinhas nessa luta diária contra a violência <3
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