vamos conversar sobre sonhos?
Dos mais simples aos mais complexos, passando por aqueles sem pé nem cabeça: você sabia, amiga, que os sonhos têm uma importância vital na solução de questões particulares e até coletivas? Por mais que lembremos ou não, é um fato que sonhamos — somente pessoas que têm uma lesão rara em determinadas áreas do cérebro não sonham. E enquanto toda essa produção psíquica acontece, estamos entrando em contato com desejos e temores que nem sempre reconhecemos. Não é mágico? :)
Sidarta Ribeiro, neurocientista e o autor de O oráculo da noite — a história e a ciência do sonho, diz que nem toda nossa produção noturna é premonitória. Simular futuros possíveis por meio do sonho, numa tentativa de prever o futuro baseado no passado, é algo, diz ele, que foi muito praticado, por exemplo, pelos ameríndios. Ribeiro também pontua que, talvez, o que falte à sociedade contemporânea é voltar a esse exercício de levar os sonhos a sério — não tanto pelo seu conteúdo em si, mas por uma interpretação mais profunda do que significam. E isso não tem nada a ver com misticismo (mas se quiser pode, tá?).
uma dimensão coletiva
Lembra que a gente falou lá no comecinho do texto que sonhar também tinha um papel na resolução de questões coletivas? Pois bem, a jornalista e escritora alemã Charlotte Beradt teve a coragem de se perguntar, durante 1933 a 1939, que tipo de sonho as pessoas estavam produzindo durante a ditadura nazista. Foram mais de trezentos berlinenses entrevistados para dar vida à obra Os sonhos no terceiro Reich, em que mostra como medo, violência e desconfiança eram traços comuns nas experiências oníricas dos alemães, à época.
Mais recentemente, um grupo de psicanalistas, pesquisadores e escritores começaram a recolher relatos de sonhos durante a pandemia. Além de um perfil interessantíssimo no Instagram (@sonhosconfinados), o projeto também disponibiliza um questionário que pode ser acessado por qualquer pessoa que deseje compartilhar seus pensamentos noturnos.
sonhar com a vida, acordada
O mundo onírico é incrível, mas sonhar acordada também é muito bom, né? A psicanalista e historiadora francesa Elisabeth Roudinesco, em uma de suas conferências no Brasil, lembrou da capacidade que temos de usar a imaginação de forma criativa e lúdica: “Vivemos tempos difíceis, de incertezas e fragilidades, mas não podemos esquecer que o passado também apresentou grandes desafios que foram superados pela humanidade. Por esse motivo, podemos e devemos sonhar com um futuro melhor, que ainda não foi pensado nem escrito”.
E, você aí do outro lado, o que sonha acordada (e dormindo)? <3
deixe um comentário