Dia da Consciência Negra: uma reflexão sobre esse dia

2 comentários

Chegou novembro, mês da consciência negra. Essa é a melhor época para a galera preta pegar freelas, principalmente no mundo da criação de conteúdo: são publis, palestras, participação em eventos… O tchurururu rola solto nesse mês.

Masssss, será que isso é bom?

Não me leve a mal, não quero desmerecer esse dia ou enfraquecer a luta. Mas como mulher preta preciso dizer: ESTOU CANSADA!

"Guerreira é a Xena. Eu sou sobrecarregada mesmo." (Jojo Todynho)

E não falo só por mim não, viu? Falo em nome de muitas mulheres pretas que ocupam um lugar de visibilidade, protagonismo e ascensão: estamos exaustas, mortinhas, só o pó-da-rabiola… A real é que não queremos apenas um dia no mês para celebrar o nosso corrê, queremos que a luta por igualdade racial seja uma constante durante todo os dias do ano!

Lutar em prol da igualdade racial não se resume em repostar foto no Instagram de página de notícias, fazer textão bonito contra o racismo no Linkedin ou chamar uma mana preta para falar com o grupo de afinidade da sua empresa, mas é se comprometer verdadeiramente com a luta.

Você pode começar se perguntando:

  • Quantos líderes negros há na empresa em que trabalho?

  • Será que as oportunidades são oferecidas de forma igualitária?

  • A falta de diversidade racial me incomoda ou é algo que estou acostumada?

Minha querida leitora, lembre-se: o racismo não é problema meu, ele é um desafio NOSSO! Não foram as pessoas pretas que criaram todo o sistema colonial de escravidão, exploração e opressão, viu? E não me venha com o papo:

“Ah, mas Amanda, isso foi há muito tempo… Precisamos pensar no futuro, avançar, lutar para melhorar de vida. Não dá para ficar para sempre na vitimização.”

Meu amôooo, vem refletir comigo:

Nossa nação foi a última das Américas a abolir a escravidão e por cerca de 350 anos, o Brasil foi destino de 4,5 milhões de pessoas africanas escravizadas, sendo considerado o maior território escravagista do Ocidente. Após esse período, o governo imperial não criou nenhum projeto, política ou estratégia de inserção dos negros na sociedade, fazendo com que muitos ex-escravos fossem obrigados a viver na pobreza, sem direito a usufruir a terra que trabalharam por anoooos. 

Em contrapartida, os imigrantes que vieram da Europa incentivados pelo governo, foram contemplados com uma política de acesso à terra e trabalho. A real é que desde as primeiras décadas do século XIX as elites brasileiras já previam o fim da escravidão e se preparavam para uma implementação gradual e controlada do trabalho livre. Eles viam a modernidade não apenas como a eliminação do trabalho escravo, mas também com a eliminação de tudo que remtesse a escravidão, ou seja, aquele que, mesmo livre, denunciava a sua existência recente: o próprio negro. 

Surgiu então uma série de leis que, ao mesmo tempo que difultava o acesso do negro liberto à terra e trabalho, promovia a entrada ao mercado de trabalho dos grupos de imigrantes europeus. A sociedade da época passou a desqualificar o trabalhador nacional e hiper valorizar o estrangeiro, que era visto como sinônimo do moderno, puro, civilizado e científico. 

Essa política de migração dos europeus X exclusão dos ex-escravizados traz consequências até os dias atuais. Portanto, devemos ter muito cuidado com algumas frases dos coach de instagram, como “quem quer consegue”, “basta de esforçar”, “é só trabalhar firme”. Queria eu que passe assim tão fácil! Precisamos estudar a história a partir de múltiplas perspectivas, principalmente daqueles que pertencem a grupos que foram silenciados por séculos!

Como diz Grada Kilomba em seu livro Memórias da Plantação:

"Quando comunico, deixo de ser objeto e me torno sujeito. Passo a ser a responsável por descrever a minha própria história e não aquele que é descrita. Me torno a narradora e a escritora da minha própria realidade, a autora e a autoridade na minha existência, eu me torno a oposição absoluta daquilo que o projeto colonial predeterminou."

Querida leitora, além de sermos grandes gostosas da sustentabilidade, precisamos estar conscientes dos atravessamentos que uma sociedade racista e machista impõe para as mulheres negras. Temos a missão de transformar nossos espaços, sejam estes a nossa empresa, faculdade, bairro, ciclo de amizades ou a própria família.

Até porque, não dá para falar de justiça ambiental sem falar de justiça racial. Eaí, posso contar contigo nessa luta? <3


2 comentários


  • Felipe

    Parabéns pelo texto, muito bom! muita gente precisa lê-lo para entender a desigualdade e falta de inclusão de nós negros até hoje! e o que mais me dói são meus irmãos de etnia que, muito desinformados, ajudam a prolongar a desigualdade e são contra políticas, por exemplo, de cotas…


  • Andreza

    Parabéns pelo texto incrível! Parabéns pela coragem, pela luta diária e por trabalhar por um mundo melhor pra todos! Obrigada por tanto.


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