a cultura do estupro e por que devemos, cada vez mais, falar sobre isso

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Amiga, você provavelmente deve saber o que é cultura do estupro, né? É um assunto delicadíssimo. Por isso, esse texto parte de um lugar de cuidado e acolhimento, para garantir que a gente se informe, compreenda e levante a bandeira por esse desmonte, mas sem prejudicar — pelo menos o mínimo que dá — nossa saúde mental. Combinado?

Então vamos lá. Por definição o termo significa a banalização e a normalização feita pela sociedade ao compactuar e estimular a cultura do estupro de diversas maneiras. Usado desde 1970, a cultura do estupro aponta comportamentos não só já tipificados como crime, mas também comportamentos sutis que silenciam ou relativizam a violência sexual contra a mulher.

Damos um exemplo: quando propagandas de cerveja objetificam mulheres em suas campanhas. E segue: quando a vítima é culpabilizada (pela sua roupa por exemplo ou por estar bêbada ou por apresentar determinada conduta) e, até mesmo, quando incentivamos meninos, desde muito novos, a performaram como garanhões, pegadores e acumuladores de ficadas — forçadas ou não — como troféus. Tudo soa muito familiar para nós, mulheres, né? Porque é. A grande jogada de ser uma cultura tão enraizada é que ou já vivenciamos isso na pele ou conhecemos alguém muito próximo que já passou pela experiência. E, o pior: na maioria das vezes fomos silenciadas ou então não tivemos a coragem ou o discernimento necessário para compreender que aquilo ali estava muito errado — uma pesquisa realizada por universitários brasileiros no fim de 2015 mostrou que 27% dos homens entrevistados acreditavam que não é violência abusar de uma mulher caso ela esteja alcoolizada. Você percebe a gravidade da situação? E nada disso é nossa culpa.

Cultura do estupro não é sobre tirar a culpa do criminoso e tentar transferi-la para a sociedade, mas sim garantir que, além de julgado legalmente, haja um desmonte da estrutura que há por trás da normalização do abuso e do estupro, das proteções dadas a criminosos e do silenciamento massivo que sofrem, posteriormente, as vítimas.

E antes de que nos aprofundamos mais no assunto, mais um adendo importantíssimo: vale lembrar que não estamos falando apenas de vítimas maiores de idade. Num País em que “pegar novinha” é visto como mérito, a lei prevê como crime qualquer ato sexual praticado entre um adulto e uma criança menor de 14 anos.

ele, o patriarcado

Não é possível falar de cultura do estupro sem situá-lo em um pano de fundo maior: o patriarcado. É ele que dá vigor e que reforça, constantemente, tal cultura. Se estamos todas e todos inseridos em um sistema que consiste na estrutura de pensamento baseado na dominação do homem sobre as mulheres, fica fácil ligar os pontos, né? Se estamos abaixo hierarquicamente da ala masculina, estamos à mercê de suas vontades, seus desejos, suas crueldades, e das desigualdades que brotam a partir desse modelo falido.

Um outro aspecto válido de se notar dentro dessa rede sociocultural fortemente engendrada é que nos fizeram acreditar que estuprador é aquele que fica num beco escuro, na calada da noite, esperando uma mulher desprotegida para fazer de vítima. Esse ideário serve, justamente, para proteger uma realidade ainda mais aterradora: os estupradores não são, necessariamente, pessoas doentes. Estuprador também é o homem que transa com mulher desacordada; que faz sexo sem consentimento, à força; que não aceita o não e força uma mulher a ter relações sexuais. A cultura do estupro faz com que caras normais não entendam seus atos como crimes. Mas são. E estamos aqui para lembrá-los disso — e para lutar para que sejam julgados por isso.

transformar a realidade

Se é cultural, pode ser transformado. E se nos faz sofrer, estaremos lá, de pé, lutando para que a realidade cruel que nos assola mude. Hoje, a lógica que impera é a culpabilização da vítima somada ao seu silenciamento. Como resultado, temos a impunidade. E os motivos para que mulheres que sofreram abusos não denunciem são muitos: medo de ameaças do estuprador, medo de ser culpabilizada, medo da impunidade e medo de possíveis outras violências institucionais que venham a sofrer durante o processo. Ainda há o desgaste com a burocracia, o despreparo de perícias mal realizadas e investigações completamente negligentes.

Para que algo mude, consistentemente, é preciso, antes de tudo, que paremos de culpabilizar a vítima. Que o sistema judiciário esteja preparado dentro de sua mais alta responsabilidade para não ser conivente com nenhum tipo de crime praticado contra uma mulher. Além disso, e também muito importante, é urgente que o assunto seja abordado desde muito cedo em escolas, em espaços em que crianças e adolescentes são educados e sensibilizados para a vida. É desde lá que precisam entender que não há nada de normal ao atentar contra o corpo de outra pessoa — seja simbólica, seja fisicamente — e que o corpo feminino não é feito para ser objetificado. É assim que alcançaremos resultados sólidos e essa não é uma luta exclusiva das mulheres, também é um trabalho masculino, de educação entre os seus, de sensibilização da pauta, de luta jurídica para que culpados sejam culpabilizados.

Passou da hora de quebrarmos o ciclo. O respeito é nosso por direito. Estamos juntas, de mãos dadas, e não ficaremos caladas. Não mais.


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