Mulheres na ciência: Inspirações e desafios


Por séculos, mulheres foram excluídas e impossibilitadas de frequentar ambientes acadêmicos e suas instituições, sejam essas de ensino básico ou superior. Entretanto, motivadas por uma insatisfação e anseio de mudança, ativistas pioneiras ousaram desafiar o status quo de suas épocas e graças a luta por direitos e equidade de gênero, hoje possuímos uma melhora significativa da inclusão feminina na educação.

Hoje, no Brasil, as mulheres são maioria na docência e na gestão da educação básica. Segundo o Censo Escolar de 2022, foi revelado que 79% do corpo docente do ensino básico é composto por professoras. E no âmbito da educação superior, 72,5% das matrículas em cursos de licenciaturas são de mulheres. Em pós-graduações, 54% dos estudantes stricto sensu são do sexo feminino, onde, dos 405 mil estudantes de mestado e doutorado do Brasil, 221 mil são mulheres.

Esses dados mostram a resiliência e o empoderamento feminino ao confirmar que mulheres de todo o país estão lutando para concluir e aprimorar seus estudos em busca da aquisição de seus direitos. No entanto, há espaços acadêmicos onde mulheres ainda são minoria e lutam todos os dias para ganharem visibilidade, reconhecimento e oportunidades. Um desses espaços é o científico.



O QUÃO DIVERSA E INCLUSIVA É A COMUNIDADE CIENTÍFICA?

Apesar dos avanços igualitários nas últimas décadas, o ambiente científico ainda enfrenta desafios em termos de diversidade e inclusão, principalmente quando se trata de ações afirmativas destinadas a mulheres, grupos étnicos minoritários, pessoas com deficiências e outras comunidades sub-representadas. A ausência de representatividade nessas esferas não apenas obstaculiza o potencial de inovação e descoberta, mas também perpetua disparidades socioeconômicas e culturais.

Segundo o Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA), os homens representam 67,1% da população cientista no Brasil, enquanto as mulheres representam somente 32,9%. O número de mulheres cientistas cai ainda mais quando comparamos mulheres pretas, pardas, amarelas e indígenas, onde tais representam apenas 1.2% (mulheres amarelas) e 2,5% (mulheres pretas, pardas e indígenas) de toda a população científica nacional.

Portanto, é mais do que necessário adotar políticas e práticas que fomentem a diversidade e a inclusão em todas as áreas do ramo científico, assegurando que todas as vozes sejam escutadas e valorizadas. Dito isso, milhares de mulheres estão alavancando seus estudos e inspirando outras a conquistarem seus lugares na sociedade.



HISTÓRIAS QUE INSPIRAM

Sônia Guimarães - Possuindo PhD em física pela Universidade de Manchester no Reino Unido, Sônia Guimarães é a primeira mulher negra doutora em física no Brasil e a primeira mulher negra brasileira a lecionar no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Feito esse que conseguiu em 1993, período em que o Instituto ainda não aceitava mulheres entre seus alunos.

Eleita como uma das 100 pessoas mais inovadoras da América Latina, pela Bloomberg Línea, Sonia é especialista em física aplicada, com pesquisas sobre semicondutores e desenvolvimento de sensores de calor.

Também é ativista na luta contra o racismo e descriminação de gênero, onde participa de comissões e projetos que visam implementar a inclusão de pessoas negras na ciência e na academia. Dentre muitos dos seus feitos, Sônia é Presidente da Comissão de Justiça, Equidade, Diversidade e Inclusão na Física da Sociedade Brasileira de Física (SBF) e Conselheira Fundadora da organização Afrobras.

 

Jaqueline Goes de Jesus - Doutora em Patologia Humana e Experimental pela Universidade Federal da Bahia e pesquisadora brasileira, Jaqueline Goes de Jesus, é a biomédica que coordenou a equipe que sequenciou o genoma do vírus SARS-CoV-2 (Coronavírus) apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de COVID-19 no Brasil.

Nomeada como Embaixadora da Ciência no Brasil pelo MCTI, Jaqueline também realizou o estágio de pós-doutorado no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo na Universidade de São Paulo e fez parte da equipe inglesa que sequenciou o genoma do vírus Zika.

Em 2021, Jaqueline foi homenageada pela empresa Matel que produziu uma linha de bonecas Barbie dedicada a mulheres que estiveram na linha de frente do combate a pandemia da Covid 19. Inspirando diversas outras meninas que sonham em ser pesquisadoras e contribuir para a sociedade.

 


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