lemos e indicamos: o livro Narrativas Negras, com biografias ilustradas sobre mulheres pretas brasileiras
Trazer à população brasileira histórias de mulheres que participaram ativamente da construção política, educacional, social e cultural do país. Essa é a missão do livro Narrativas Negras, publicado pela editora Voo e que nasceu da mão de 70 mulheres negras, entre escritoras e ilustradoras. A obra, que começou a ser desenvolvida em 2019, chegou às estantes em outubro deste ano e já está disponível para compra.
o nascimento
A ideia começou lá no trabalho acadêmico realizado pela graduanda em design gráfico e UX Researcher Isadora Santos. No começo de 2020, o Coletivo Narrativas Negras abriu um financiamento coletivo para que o trabalho virasse livro impresso. Deu certo. “Nossa maior motivação tem sido o acolhimento de todos e o crescimento da nossa rede de apoio”, explica Isadora, em entrevista ao portal Notícia Preta. O marco zero da obra foi a pergunta: Quem são as mulheres negras brasileiras que nos inspiram na atualidade e tiveram elas referências negras no passado?”. As personalidades perfiladas foram selecionadas a partir de uma pesquisa quantitativa e qualitativa, que permitiram que as coautoras listassem as personalidades que mais representam e são lembradas atualmente pela comunidade.
as histórias
São 41 biografias ilustradas de mulheres negras atuantes em diferentes áreas — da abolição à cultura, da educação ao esporte. Confira, abaixo, a lista completa de histórias:
Adelina, a charuteira; Aida dos Santos; Almerinda Farias; Antonieta de Barros; Aqualtune; Benedita da Silva; Berenice Kikuchi; Carolina de Jesus; Chica da Silva; Clementina de Jesus; Conceição Evaristo; Dandara dos Palmares; Djamila Ribeiro; Dona Ivone Lara; Elza Soares; Esperança Garcia; Eva Maria de Bonsucesso; Geni Guimarães; Irenice Rodriguez; Jovita Alves Feitosa; Kênia Maria; Laudelina de Campos Melo; Luísa Mahin; Lélia Gonzales; Marta da Silva Vieira; Mãe Beata de Yemanja; Mãe Luiza; Mãe Menininha dos Gantóis; Mãe Stella de Oxóssi; Maria Beatriz Nascimento; Maria Felipa Oliveira; Maria Firmina; Marielle Franco; Marli Pereira Soares; Neusa Santos; Rosana Paulino; Ruth de Souza; Sonia Guimarães; Sueli Carneiro; Tereza de Benguela; Tia Ciata.
o que você pode esperar dessa belezinha
Mais importante: a obra surge da escassez de conteúdos confiáveis sobre a história da mulher negra brasileira e da necessidade de fazer valer a representatividade. “Pensamos que compreender e conhecer nossas ancestralidades é de fundamental importância para mudar e construir um novo futuro, com mais força e identidade”, assinam as autoras. Dessa forma, reconhece-se os apagamentos históricos sofridos pela comunidade negra feminina, que esteve à frente da luta pela construção de uma sociedade mais justa e que, ainda hoje, segue no front.
“As referências históricas reais são essenciais para que possamos nos ver, entender e posicionar como pessoas negras. Já no caso de leitores de outras raças, é importante para que compreendam, respeitem e deem o valor merecido à nossa cultura e às questões históricas. Hoje, temos muitos desejos e sonhos com o Narrativas Negras e ainda não chegamos nem na metade do caminho e das realizações que nos esperam! Cada um dos nossos que vai ao chão, semeia potência para que tenhamos força para virar o jogo! No final, tudo se resume a Ubuntu: eu sou porque você é!”
Isadora Santos, coautora de Narrativas Negras, em entrevista ao portal Notícia Preta
e se fizéssemos um clubinho do livro?
Muito além das histórias de resistência e revolução, o livro traz também narrativas de existência e amor. É obra a ser lida por todas as mulheres. E se você se juntasse com suas amigas — online ou presencialmente, tomando todos os cuidados sugeridos pós-pandemia — e fizessem um clube de leitura para essa obra-prima? É importantíssimo que a gente desenvolva um olhar genuíno pra diversidade e representatividade. Que a gente desacostume a usar o filtro eurocêntrico das narrativas e aprenda histórias plurais. Como escrevem as coautoras, o Narrativas Negras é a concretização da cosmovisão de Angela Davis: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”
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