2. se proteger é um ato de amor #ElaDecide
- se proteger é um ato de autoamor
Na última conversa, entendemos a importância de conhecer melhor o nosso corpo e assim descobrir ainda mais sobre nossa potência. E, se esse corpo é tão único e nos faz tão feliz, nada mais natural do que cuidar dele, certo? Bom, não foi bem isso que nos ensinaram, e a consequência foi uma desconexão não só do físico mas também de informações e conhecimento sobre como protegê-lo. Mas somos as mulheres do futuro e vamos aprender mesmo assim, por isso o papo de hoje é: se proteger sexualmente é um ato de autoamor.
Se você perdeu a abertura dessa campanha pela saúde das mulheres, por favor, clica aqui que tá maravilhoso.
Observamos atualmente um aumento significativo de infecções sexualmente transmissíveis, como a sífilis, HPV, HIV e também da gravidez não intencional principalmente entre nós, mulheres jovens, e esses dados não combinam nenhum um pouquinho com a modernidade e a nova era que queremos, né? E nós temos o poder de ajudar a mudar isso a partir de nós mesmas, aliando informação e observação: só somos capazes de identificar algo errado com a nossa saúde ginecológica se conseguimos observar e conhecer o que é e o que não é normal no funcionamento do nosso corpo.
A relação sexual é um dos contatos mais íntimos que podemos ter com alguém, estamos trocando de tudo: amor, tesão, prazer, fluidos e sabe o que mais? Elas mesmas, as infecções sexualmente transmissíveis (IST’s). Inclusive, desde 2016 a Organização Mundial da Saúde recomenda o abandono do uso da expressão DST, com o objetivo de tornar o termo mais abrangente, uma vez que o termo Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) pressupõe que haja sintomas, enquanto Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) incluem também aquelas situações assintomáticas.
E aí, minhas amigas, que mora o maior perigo, na invisibilidade, o que os olhos não veem, os fluidos transmitem sim. Essas infecções não têm cara, não é porque a pessoa é legal que tá tudo seguro, a pessoa pode estar cheirosa, parecer super confiável, inclusive até estar com você numa relação monogâmica, mas isso não traz garantia nenhuma.
O motivo do aumento das IST’s é o não uso da camisinha. Como falamos aqui, 52% das mulheres declaram que nunca ou raramente usam. Esse dado é chocante e não se deve apenas pela falta de conhecimento do risco, a maioria declara que tem medo ou vergonha de propor o sexo seguro ao parceiro (a). Um momento de “timidez” que definitivamente não vale a pena, realmente precisamos nos livrar urgentemente desses julgamentos que prejudicam a nossa saúde e o nosso emocional. Nossa sugestão é sempre se lembrar que é o nosso corpo que está ali em risco e é perfeitamente normal propor a camisinha sem ficar tentando encontrar “a hora certa”, sem ficar com medo de interromper ou dar “uma paradinha”. A única coisa errada é pensar mais no outro do que em nós mesmas.
A mesma pesquisa mostra que outro fator que as mulheres atribuem ao não uso da camisinha é que muitas não compram pois têm vergonha do julgamento das pessoas no local. O simples fato de ter uma camisinha com você é incrivelmente empoderador, então nossa recomendação é simples: compre e tenha sempre uma na bolsa, assim a decisão é toda sua. Inclusive você pode optar pela camisinha feminina, ficando totalmente no controle da sua proteção. E se o parceiro ou parceira não quiser usar? Bom, aí talvez essa pessoa não mereça se conectar com você.
E na hora de comprar, se ficar tímida, lembra que quem está ali rindo de você são as crenças do passado que estamos desconstruindo juntas. Entra e compra consciente de que essa é uma atitude completamente normal e correta e que, agindo assim, estamos nos tornando parte dessa revolução.
IST’s (Infecções Sexualmente Transmissíveis)
“Isso só acontece comigo”, “o que eu fiz de errado?” ou até mesmo “queria ter nascido homem”. Esses são pensamentos (absurdos!) que, infelizmente, muitas de nós já tivemos ao enfrentar alguma IST ou corrimentos provocados por fungos e bactérias. Por falta de conhecimento e de compartilhamento, muitas de nós se culpam e ficam com vergonha das amigas e da(s) pessoas parceira(s), com medo de serem julgadas como sujas ou doentes. Pensando até que pode ser uma “punição” porque transamos - uma culpa que já passou da hora de deixarmos no passado, afinal, toda pessoa sexualmente ativa está sujeita a elas e a maneira de evitar é usar métodos contraceptivos e não se trancar. Nós somos mulheres lindas, livres, modernas e para continuarmos exercendo a liberdade que arduamente conquistamos, precisamos nos cuidar.
É muito importante saber ouvir os sinais que nosso corpo nos dá quando está com alguma IST: com cheiro forte, corrimento amarelado, esverdeado, bolhas, coceira, ardor pra fazer xixi, cólica, dor ou qualquer coisa que não seja o seu padrão. Consulte sempre uma médica ginecologista para saber também sobre as assintomáticas, você merece esse cuidado. As infecções, se não tratadas, além de gerarem estresse e tristeza (o que dificulta a cura) podem se tornar crônicas e recorrentes, e se transformam em grandes problemas, mais sérios, como infertilidade e câncer de colo de útero (no caso do HPV). Não ignore os sintomas, se informe e busque um profissional, a saúde ginecológica é essencial para a nossa felicidade e saúde, é onde está seu útero, nosso órgão mais poderoso.
Abaixo listamos as IST’s que mais vem crescendo e atingem mulheres pra gente ficar ligada e aprender a reconhecer e prevenir. Por favor, não pula essa parte, é rapidinho e pra sempre!
Gonorréia e Clamídia
Provocadas por bactérias, elas geram infecção dos órgãos genitais, garganta e os olhos. Quando não tratadas, podem causar infertilidade, dor durante as relações sexuais, gravidez nas trompas e outros danos. Apesar de, na maioria das mulheres apresentar sintomas, pode aparecer: dor ao urinar ou no baixo ventre (pé da barriga), corrimento amarelado ou claro, fora da época da menstruação, dor ou sangramento durante a relação sexual. A melhor forma de prevenção é o uso da camisinha masculina ou feminina.
Herpes
A herpes é causada por um vírus e se manifesta em bolhas agrupadas que depois estouram em feridas principalmente nos lábios e genitais. O principal problema dela? O julgamento das pessoas quando ela aparece em lugares visíveis. Então, se você ver alguma amiga com esses sintomas nos lábios, não olhe com cara feia ou nojo, mesmo porque provavelmente você também é portadora desse vírus (95% dos brasileiros são), mas tem resistência. A camisinha reduz o risco mas não muito, porque a transmissão é pelo contato entre mucosas, então o recomendado é não beijar na boca ou receber sexo oral de uma pessoa com lesões manifestadas, pois o risco é grande.
HPV
Conhecido como papilomavírus humano, atinge muitas mulheres, estima-se que 25% das mulheres sexualmente ativas estejam infectadas pelo vírus. Por que mais mulheres? O HPV é um vírus celular obrigatório, isso significa que precisa estar dentro de outra célula para desenvolver sua atividade, por isso tem predileção especial pelo epitélio da mucosa que reveste a vagina e o colo do útero e, se não tratado, pode levar a câncer de colo de útero. Provavelmente entraremos em contato com ele, mas se a imunidade estiver boa, não desenvolveremos. Prevenção: exames de rotina, Papanicolau e existem também vacinas, porém elas protegem contra 4 tipos de tipos de HPV (existem mais de 100), então o melhor é, como sempre: a camisinha.
Bom, por hoje é isso, mas que seja eterna essa nossa busca ativa por mais informações e opções na hora do sexo, seja na internet ou nas nossas amigas, pois assim não só estaremos seguras mas podermos exercer a liberdade sexual pela qual nós e as mulheres antes de nós lutaram tanto. E que nunca nos esqueçamos que a solução não é nos fechar, não é deixar de fazer nada, mas sim se prevenir, cuidando para que nossos corpos vivam todo seu potencial de prazer e alegria.
Vamos tornar a camisinha um amuleto do qual não abrimos mão e os colocar os exames nossos e dos nossos parceiros e/ou parceiras em dia? Culpa e prazer não combinam, mas amor e proteção sim. Vamos juntas?
Semana que vem o papo é sobre segurança que encoraja, fiquem ligadas no Blog e no nosso Instagram, visitem o site do nosso parceiro incrível, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), e participe desse movimento pela saúde sexual das mulheres.
deixe um comentário