Feminismo no séc XXI: porque é necessário?

05 de junho de 2025

Three diverse women's profiles with a sunburst background.

Escrito por: MarianaQ. Sou redatora de textos para blogs e estudante universitária. Amo escrever e acredito que as palavras podem ter um grande impacto na vida das pessoas. Dorameira desde 2021, amo ouvir músicas (de vários estilos), pintar (no meu caderninho psicodélico ou no tablet), além de ser uma verdadeira nerd. Adoro estudar, ler (principalmente livros de mistério e suspense), maratonar séries (principalmente doramas) e também transmitir conhecimento para as pessoas.

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O Século XXI está sendo marcado pelo empoderamento feminino: o prêmio nobel da medicina em 2023 foi conquistado por uma cientista húngara e a Dra Jaqueline Goes, uma cientista brasileira, foi homenageada com a criação de sua versão barbie por suas descobertas na ciência durante a pandemia da COVID-19.

Ah, e não podemos nos esquecer que as mulheres foram o destaque nas olimpíadas de Paris.Você com certeza ficou sabendo de algum desses eventos rolando pela sua timeline, né?

Só que aí depois disso, vem a pergunta de milhões: se o protagonismo feminino é tão evidente na atualidade, porque ainda temos que nos preocupar com o direito das mulheres? Eles já não foram conquistados?

Essa é uma pergunta super importante e já te adianto a resposta: os direitos femininos conquistados não são garantidos, mas foram validados por meio de muita luta dos movimentos sociais. Quer saber onde que o feminismo entra nesse rolê? Mana, fica comigo e boa leitura!

O que defende o feminismo?

A resposta é: a igualdade entre homens e mulheres. Mas calma lá, não é tão simples assim. O contexto histórico importa e muito para entender a pauta do feminismo como um todo.

No século 18, as mulheres passaram da teoria para a prática: os textos produzidos naquele século- e também de séculos passados- se tornaram uma forma de reivindicar seus direitos, fazendo questionamentos sobre a ordem social vigente, liderada e controlada por homens.

A Revolução Francesa e o Iluminismo foram marcos fundamentais para entender como a teoria virou prática. A partir daí, passando para o século 20 e chegando no XXI, muitas pautas foram e são defendidas:

Direito ao voto
Acesso à educação igualitária
Direitos reprodutivos e ao prazer feminino
Discussão sobre direitos femininos e racismo
Direito das mulheres da comunidade LGBTQIA+

Podemos sintetizar o feminismo em um movimento social feito por elas e para elas: o objetivo aqui é questionar os papeis de gênero, que invalidam o direito das mulheres a terem poder de decisão sobre suas vidas.

machismo X feminismo

Se você chegou até aqui, deve tá se perguntando, dá pra comparar os dois? E a resposta de milhões é… Nãaaoo! Parece até óbvio, mas, atualmente, grupos anti-feministas fazem essa comparação enganosa para invalidar o movimento como um todo.

A questão aqui é, por que não dá pra comparar? É importante lembrar que o feminismo nasceu em um contexto de luta pelos direitos igualitários das mulheres em relação aos homens.

Naquela época (e até hoje), os homens tinham mais direitos que as mulheres e o feminismo foi lá e começou a questionar isso, promovendo discussões e movimentos para ampliar os direitos das manas.

O machismo está relacionado com a ideia de que o homem é superior à mulher em todos os sentidos. Tipo, “ o homem é melhor que a mulher na área de exatas” ou “ a mulher é mais frágil que o homem, por isso deve cuidar da casa”. Com certeza, você já deve ter ouvido algo assim.

VOZES DA MINHA CABEÇA X FATOS

Fonte desses achismos: a primeira parte desse título🙃.De fato, o homem e a mulher possuem sim diferenças biológicas, mas isso não quer dizer que essas diferenças tornam o homem superior à mulher ou vice-versa. Não tem como aplicar o conceito de superioridade e inferioridade nesse contexto.

Então amiga, entenda: o feminismo não quer oprimir o homem, nem colocar a mulher como superior. Ele luta para que as mulheres tenham o mesmo direito que os homens em todos os sentidos. Uma pequena listinha de pautas atuais (mas que poderia dar uma folha inteira):

igualdade salarial
direitos reprodutivos
quebra de expectativas em relação aos papeis de gênero
maior representatividade política
luta contra o assédio
liberdade de escolhas

Se a gente for analisar a vida das mulheres em séculos passados, nós já avançamos bastante. Mas esses direitos conquistados não são troféus guardados em uma estante, que ficam lá parados para sempre sem ninguém questionar se eles são válidos ou não.

Eles foram conquistados com muita luta. Devemos muito aos movimentos passados, mas precisamos, mesmo no século XXI, lutar para que esses direitos não sejam retirados de nós. Nós, mulheres, temos o direito de existir e de escolher por nós mesmas!

feminismo pra quê?

Ok, agora você entendeu que os nossos direitos foram conquistados através de muita luta e que eles precisam sempre ser reafirmados e validados. Mas por que? É uma questão de evolução e transformação: ser uma mulher no século XXI não é a mesma coisa que ser uma mulher no século XX.

O mundo está em constante transformação e, com isso, novas perspectivas têm sido pensadas e discutidas. O movimento feminista que defendia o direito ao voto não é o mesmo de hoje: não existe uma única forma de pensar a condição da mulher, existem vaaarias.

E os vários tipos de feminismo têm essa função: promover a conquista dos direitos femininos de todas essas vertentes.

Exemplo: uma mulher preta e uma mulher branca têm vivências diferentes dentro da mesma sociedade, isso porque o racismo é um fator a ser considerado na existência dessas mulheres. Então, é necessário pensar em uma pauta feminista que leva em conta as particularidades do que é ser uma mulher e preta na sociedade.

Amiga, entende que o feminismo é um movimento atemporal e com muitas pluralidades? A existência de uma mulher trans é diferente de uma mulher cis, mas o que elas tem em comum?

A existência de ambas precisa ser RESPEITADA e o feminismo existe para isso: para validar o direito dessas duas mulheres existirem e serem reconhecidas independente de suas particularidades como seres humanos.

nova onda de conservadorismo

Antes de mais nada, a ideia aqui não é provar quem tá certo e quem tá errado, tudo bem? Esse é um espaço de discussão, onde você pode se sentir livre pra concordar ou não concordar, ok?

Atualmente, estamos fazendo muitos avanços. As mulheres estão muito girl power, assumindo cargos de liderança e conquistando um protagonismo mundial na política, economia, educação e muuuuuito mais.

A questão é que movimentos conservadores globais, que costumam ser na maioria das vezes anti-feministas, tem questionado a validade desse protagonismo, acusando o movimento feminista de encorajar uma espécie de batalha entre homens e mulheres.

E por que isso? Não podemos nos esquecer que vivemos em uma sociedade patriarcal, ou seja, é uma estrutura social que já está acostumada a associar o masculino à figura de poder e tomada de decisões.

O feminismo foi criado justamente para questionar essa estrutura de poder e exigir direitos igualitários para as mulheres. Quando essas estruturas sociais são questionadas, a tendência é que surjam movimentos que lutem para que essas estruturas sociais continuem, ou seja, se conserve. Por isso a palavra “conservadorismo”.

Infelizmente, esse movimento global também está ganhando força com a narrativa de que as mulheres não possuem as mesmas capacidades do homem, ou seja, é aquela ideia retrógrada de que o homem é superior à mulher e, por isso, devemos apenas aceitar aquilo que a sociedade nos impõe.

Ameaça ao direito de simplesmente…. escolher!

Em outras palavras, se a sociedade impõe que você somente deve ser mãe e cuidar da sua casa, você deve fazer isso porque esse é o seu papel dentro dessa sociedade patriarcal. É, meu bem, complicado, né?

Movimentos que possuem narrativas como essa tiram completamente o direito e a liberdade da mulher de escolher por si própria. Logo, ela só existe e só é validada se estiver dentro daquilo que se espera dela. Fora disso, a existência e os seus direitos não são respeitados e nem mesmo reconhecidos.

Em pleno século XXI, ouvimos frases como “ mulheres vestem rosa, homens vestem azul” ou que “ precisamos mais da energia masculina[...] é bom que uma cultura corporativa celebre um pouco mais a agressividade”.

Pensa comigo, o que essas frases têm em comum? Elas condicionam o homem e a mulher a características específicas. Do homem, esperamos a agressividade e da mulher, a delicadeza, já que a cor rosa historicamente simboliza a feminilidade e a fragilidade.

Por que precisamos esperar do homem necessariamente a agressividade? Por que homens não podem ser delicados sem que isso afete a percepção da sociedade em relação a sua orientação sexual? E por que mulheres devem sempre ser delicadas e femininas? Usar azul nos torna menos “mulher”? Uma mulher não é obrigada a:

ter filhos
abrir mão da sua carreira por conta de um relacionamento
ser feminina e delicada
somente ser cuidadora do lar
não ser ambiciosa com seus projetos

É aí que o feminismo entra: fazer esses questionamentos e lutar pelo simples direito de escolher e não necessariamente aceitar aquilo que a sociedade nos impõem se a gente não quiser. Como já foi falado antes, existir como você quiser é um direito de escolha. E nenhum movimento deveria decidir isso por nós mesmas.

Antigo patriarcalismo, novos desafios

Que a gente vive em uma sociedade patriarcal, não é novidade para ninguém. Historicamente falando, sociedades inteiras se desenvolveram atribuindo papeis diferentes aos homens e mulheres.

Só que isso fazia e até faz sentido se pensarmos em uma ideia de sobrevivência. É a ideia de que para todos nós sobrevivermos, cada um tem que fazer um pouco.

Só que o patriarcalismo acabou colocando isso como uma questão cultural: já não é mais uma questão de sobreviver e sim que é melhor (pra quem?) a sociedade funcionar assim. É tipo aquele ditado: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.

Pensando na nossa realidade, o que é “mandar”? É institucionalizar um papel específico para a mulher, colocando ele como uma regra a ser seguida por todas, independente das suas vontades e escolhas como um ser humano individual.

A sociedade patriarcal valida o papel da mulher como mãe e cuidadora do lar. Ou seja, se você quiser seguir um caminho diferente, como ser uma empreendedora, essa sociedade não vai te apoiar, além de te invalidar. “O mundo empresarial não é feito para mulheres” ou “ ser CEO não combina com as mulheres”. Achismos, achismos e mais achismos..

O feminismo do século XXI é sobre isso: combater os papeis opressores que o patriarcalismo ainda insiste em colocar sobre nós: “nós não escolhemos, apenas obedecemos”. Queremos, podemos e temos o direito de escolher!

Conhecimento é poder!

Dias de retrocesso, dias de avanço: um resumo do nosso querido século XXI. O respeito e a validação da existência de todas, mesmo com as suas diferenças entre si, é fundamental para vivermos em uma sociedade justa. Escolher ser você mesma deveria ser uma garantia, e não uma possibilidade.

Entenda, ser mulher é uma coisa linda e especial, já dizia Clarice Lispector “ a mulher que sou é feita de coragem e medo, de força e delicadeza, de quedas e recomeços”. Lindo, né?

Aproveitando pra falar de livros, que tal acrescentar novos livrinhos na sua coleção, hein? Então vamos lá conhecer agora algumas mulheres escritoras brasileiras e estrangeiras! Já te garanto que a sua coleção vai aumentar, viu? Te vejo lá amore, até mais!